Manhã de sol.
O galo cantava frenéticamente, prenunciando o alvorecer de um novo dia.
Pássaros canoros entoavam belíssimas melodias como se estivessem comemorando o assomar sorrateiro dos primeiros raios solares, que infiltravam, atrevidamente, por entre abundantes folhagens da vegetação; evaporando os salpicos de orvalho que por ali se aglutinavam.
O carreiro levantou-se, juntou gravetos, e com o braseiro que restava no borralho do fogão, reacendeu o fogo, preparou uma merenda, e, sorveu uma caneca de café.
Juntou o gado, desleitou as vacas. Atrelou a junta de bois ao carro e partiu para a labuta.
No cabeçalho do carro, empertigado como um REI, tangia os bois com destreza e habilidade, com palavras simples e objetivas, dialogava co a parelha.
Ramos floridos moviam-se horizontalmente na passagem lenta e monótona do carro, que deslizava suavemente, serpenteando pelos caminhos tortuosos.
Sobre um espigão, destacava-se na paisagem, um esplêndido cruzeiro, que reinava majestosamente: era ali o ponto final de nosso herói.
Um pequeno barranco, um ressalto natural provocado pela erosão das enxurradas, que por ali, caprichosamente, deixara um sulco.
Um escorregão, um tombo. Sua cabeça chocou-se na terra batida, no canto da estrada. Ele se foi, não se despediu de ninguém, deixando para trás a tristeza e a dor.
´A natureza cantava no mesmo ritmo. Mas o carreiro formoso despediu-se, naquela sua última viagem, do mundo.
Como um pretexto mudo, nunca mais se ouviu na redondeza, um carro cantando como aquele, que acompanhou o último suspiro do carreiro.
“MEU PAI”.