Para onde vou?
Navegava em águas tranquilas, sol da manhã, sombra à tarde. Ouvia
os pássaros, sentia o vento no rosto, amava a natureza. Não sabia que existia amanhã.
Vivia meus belos momentos, feliz, alegre e sozinho. Deitado sobre a grama macia
curtia as belezas naturais que a vida oferecia. Muitas vezes conversava com os cães,
gatos, galinhas ou qualquer outro ser vivo que se encontrava em meu caminho. Chorava
quando via um passarinho desesperado protegendo o seu ninho de um predador, ao
mesmo tempo em que sofria ao saber que o predador tinha que se alimentar e por isto,
só por isto, ele caçava.
Cresci, e pouco a pouco fui obrigado a sobreviver, veio à
tempestade e atirado ao longe, um turbilhão de imagens se formou em minha
mente. Desgarrado, solitário na vida, não tinha destino, vagava...
Foi-se o tempo, e só restaram as lembranças, não se ouvia
mais os pássaros nem mesmo o ruído das águas na cachoeira... Agora só o barulho
infernal das máquinas, os apitos estridentes dos trens, o alarido de pessoas,
um vai e vem de frenéticos transeuntes e trabalhadores. Não sabia por que me
encontrava entre eles. Veio à saudade, a tristeza, a angustia, perdido na
noite, perdido no inferno de máquinas, ruas, casas, muita gente.
A noite chorava, ouvia gritos, blasfêmias, briga sirenes da
polícia e das ambulâncias, estava no inferno.
Sentia-me, às vezes perdido, ouvindo, ao passar, uma música
no rádio, ela me soava triste marcante. E eu me distanciava da realidade e
chorava... Minhas lagrimas não eram notadas, nem eu, era um nada no meio do tudo.
E apesar das escorregadas, dos tombos, eu continuava vivo.
Muitas batalhas vencidas, outras perdidas e partia como um
soldado inocente que vai para a guerra, eu segui o meu rumo, ou sem rumo.
E os anos se foram, e a vida continuava monótona, sem
sentidos.
Lá fora as máquinas, o progresso, estradas eram abertas e árvores,
florestas inteiras derrubadas. Em nome do desenvolvimento vidas humanas, animais
e árvores foram perdidos. Segue o ciclo e continua a barbárie, nascentes aterradas,
prédios e pontes e a água que jorrava míngua, e todos estão cegos, não querem
ver o que fazem...
Contínuo na busca, de que?Por quê?Para onde?Seguindo os caminhos,
estradas, pontes, trilhas escadas e continuo sem saber para onde vou.
E os meus gritos se perdem na escuridão, no deserto, na
tristeza e na saudade.
Luiz,
Ipatinga/02/12/2013
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