segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Para onde vou?

Para onde vou?

Navegava em águas tranquilas, sol da manhã, sombra à tarde. Ouvia os pássaros, sentia o vento no rosto, amava a natureza. Não sabia que existia amanhã. Vivia meus belos momentos, feliz, alegre e sozinho. Deitado sobre a grama macia curtia as belezas naturais que a vida oferecia. Muitas vezes conversava com os cães, gatos, galinhas ou qualquer outro ser vivo que se encontrava em meu caminho. Chorava quando via um passarinho desesperado protegendo o seu ninho de um predador, ao mesmo tempo em que sofria ao saber que o predador tinha que se alimentar e por isto, só por isto, ele caçava.
Cresci, e pouco a pouco fui obrigado a sobreviver, veio à tempestade e atirado ao longe, um turbilhão de imagens se formou em minha mente. Desgarrado, solitário na vida, não tinha destino, vagava...
Foi-se o tempo, e só restaram as lembranças, não se ouvia mais os pássaros nem mesmo o ruído das águas na cachoeira... Agora só o barulho infernal das máquinas, os apitos estridentes dos trens, o alarido de pessoas, um vai e vem de frenéticos transeuntes e trabalhadores. Não sabia por que me encontrava entre eles. Veio à saudade, a tristeza, a angustia, perdido na noite, perdido no inferno de máquinas, ruas, casas, muita gente.
A noite chorava, ouvia gritos, blasfêmias, briga sirenes da polícia e das ambulâncias, estava no inferno.
Sentia-me, às vezes perdido, ouvindo, ao passar, uma música no rádio, ela me soava triste marcante. E eu me distanciava da realidade e chorava... Minhas lagrimas não eram notadas, nem eu, era um nada no meio do tudo. E apesar das escorregadas, dos tombos, eu continuava vivo.
Muitas batalhas vencidas, outras perdidas e partia como um soldado inocente que vai para a guerra, eu segui o meu rumo, ou sem rumo.
E os anos se foram, e a vida continuava monótona, sem sentidos.
Lá fora as máquinas, o progresso, estradas eram abertas e árvores, florestas inteiras derrubadas. Em nome do desenvolvimento vidas humanas, animais e árvores foram perdidos. Segue o ciclo e continua a barbárie, nascentes aterradas, prédios e pontes e a água que jorrava míngua, e todos estão cegos, não querem ver o que fazem...
Contínuo na busca, de que?Por quê?Para onde?Seguindo os caminhos, estradas, pontes, trilhas escadas e continuo sem saber para onde vou.
E os meus gritos se perdem na escuridão, no deserto, na tristeza e na saudade.

Luiz,
Ipatinga/02/12/2013

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